quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A fusão do Ser, plena mulher e artista, na sonhadora de asas livres e pés firmes!


Era uma menina do interior do Rio Grande do Sul. São Borja é a cidade natal da “prendinha” de família que espiava o mundo pela “janela” da TV. Ali, seus olhos fitavam romântica e firmemente o seu próprio futuro. Daniela começou assim não somente a sua carreira, mas a sua evolução inteira na arte. Como se a mesma fosse sua própria essência de vida.

Daniela foi assim esta descoberta da arte na sua vida, tão ao natural... Teve muitos incentivos?
D.E: “Eu morava em uma cidade pequena, esta tinha somente um cinema e nenhum teatro, então, descobri minha paixão pela arte na frente da televisão. Só se tinha para assistir, as novelas, filmes e séries como Dallas, Casal 20, As Panteras. Logo percebi que era isso que eu queria fazer. Desejava viver personagens diferentes, ser muitas, contar histórias, e fazer parte de histórias que emocionassem as pessoas. A minha família só ficou sabendo disto, quando eu já estava morando e trabalhando no Rio de Janeiro, bem mais tarde. A principio foram receosos pela preocupação de que fosse um sonho sem possibilidades concretas. Mas desde o primeiro filme que assisti no cinema, com uns 7 ou 8 anos, fiz a escolha espontânea e segura”: D.E

E as influencias? Refiro-me às referencias de profissionais, foram muitas imagino...
D.E: ”De fato, sim, foram muitas as referencias. Tanto que a lista aqui seria gigantesca! Muitos livros, filmes, textos, autores e atores por quem nutria grande admiração. Tinham alguns com quem eu sonhava em poder um dia trabalhar. Lembro de uma peça que assisti aqui no RJ, da Denise Stocklos, que se chamava "Amanha é tarde demais ou nem existe", que falou diretamente com minha alma.”: D.E 

Imagino que houve algum momento marcante do ponto de vista emocional-humano, (não questões técnicas) no decorrer da tua carreira, alguma produção especifica?
D.E: ”Houve, foi no filme “400 Contra 1”. Neste, fiz uma participação mínima, mas no processo de composição, tive uma das experiência mais ricas em termos emocional-humano, como você diz. Esse “momento”, foi estar dentro de uma penitenciaria, e fazer o laboratório com ladrões e assassinos de verdade. Era impressionante o que vivi ali dentro. Vi com meus próprios olhos o quanto à sociedade brasileira é doente, indiferente, egoísta e gananciosa. Foi duro mas importante pra mim, ver de perto o resultado da inconsciência por parte da nossa sociedade, e o quanto o ser humano hoje é menos importante do que o dinheiro que ele pode fabricar.”: D.E

Realmente, deve ter sido impactante, e concordo plenamente com teu ponto de vista humanista. Me diz,  e qual o trabalho mais marcante, falando agora, tecnicamente como realização profissional?
D.E: ”Tecnicamente falando, posso disser que foi a minissérie “Aquarela do Brasil”. Ali, tive a chance de compor fisicamente uma personagem, e mergulhar em culturas que não eram as minhas, e aprender as bases de outra língua, o romeno. Eu precisava falar um pouco desse idioma, incluindo-o no francês e português, por que era tudo dito com sotaque de uma personagem “romena”. Também precisei cortar os cabelos por completo até a careca aparecer, e emagrecer 15 kilos! A preparação e as aulas foram muito ricas, assim como o convívio com os que me deram  assessoria.”: D.E

Daniela, diante de toda esta riqueza e evolução constante, dirias que existiu algum momento mais critico da tua vida profissional, e que acarretou algo ao lado pessoal?
D.E:” Particularmente, na minha vida, foi sempre o lado pessoal que trouxe os momentos críticos a ponto de atrapalhar minha vida profissional. Nessas horas eu me afastava, não conseguia conciliar, pois precisava estar bem para conseguir fazer arte. Hoje aprendi a reverter isso e usar minha dor no trabalho.”: D.E

Esse teu espírito de reciclagem emocional é algo de empreendedor... Foi este que te levou a viver  a experiência nos USA. Ou a intenção era somente fomentar teu trabalho individual como atriz e produtora?
D.E: ”Foi um contexto. Pois tive uma experiência fantástica! A primeira intenção era falar, ler e escrever fluentemente o inglês, e mostrar ao meu filho como um povo civilizado se comporta socialmente. Mas se estendeu ao meu crescimento como individuo, sim. A experiência profissional adquirida nos cursos que fui fazendo, foi impressionante. Mas depois de certo tempo, me parecia impossível voltar a viver na bagunça. Hoje, entendo que só pode ser karma mesmo.”: D.E

Você citou que tua realização nos USA, foi ampla, plena... Se como individuo ficou bem definida, a realização entre produtora e atriz é e foi semelhante para você?
D.E:” Não exatamente, são prazeres bem diferentes. Como produtora eu ajudo uma historia que acredito merecer seja contada, de fato a ser contada. Como atriz eu conto na primeira pessoa, e dou vida diretamente através dos meus olhos, voz e jeito.”: D.E


Seguindo este caminho filosófico Daniela, acredito que na tua visão, existe um legado do artista para com a sociedade...
D.E:” Creio que o artista deva encantar emocionar, e se comunicar através do seu trabalho. Se esse trabalho for consistente ele tocará as pessoas, pois se trata de arte, e arte fala direto com a alma. Assim, levará seu publico a pensar, perceber as inúmeras possibilidades que a vida oferece, e reavaliar seus conceitos, rever os pré-conceitos, e enxergar novos caminhos a seguir. Mas isso tudo se dá através da arte, e do quanto às pessoas estão disponíveis para absorver. Se não há arte não há legado. Ai serão só os "cinco minutos de fama" que serão facilmente esquecidos.”: D.E
E nessa perspectiva, acredita ter-se realizado profissional e pessoalmente até este momento, pensa em estar construindo um legado para a família e teu publico?
D.E: ”Ainda não. Até agora só o meu ego se realizou, e já pude tirá-lo do caminho.  
Não penso em meu legado pessoal, só penso em construir bons personagens, e que ainda preciso de chances de mostrar o meu trabalho de um jeito que ainda não tive. Gostaria muito de ter essa chance, para trabalhar mais, e encantar mais com o trabalho em si, e não somente pelo fato de aparecer na TV.”: D.E

Daniela, meu abraço carinhoso, e a certeza de que teu caminho é especial. Não por destino, mas pela tua construção e escolha que deixas claro, como já disse: na fusão do teu Ser, plena de mulher e artista, uma sonhadora de asas livres e pés firmes!
D.E:” Diego, deixo a você e todos que leem esta Coluna, um grande abraço e meu desejo de boa sorte e boas escolhas. Saber escolher é fundamental na vida. Sonhem muito, sonhem alto, mas realizem aqui e agora mesmo, e nada de deixar que o amanhã se encarregue. A vida acontece hoje. Amanha é tarde demais ou pode ser que nem exista.”: D.E

E assim, houve um momento na sua vida, em que a menina de passos curtos, dentre os ambientes de casa, até ir ao encontro da tela da TV, em que deu passos mais largos, e alongou sua caminhada, e nesta trajetória, a tela virou analogia da sua vida... Então, Daniela adentrou ao mundo que parecia ser um sonho de infância, para se tornar sua realidade por toda a vida. Ai, a mulher, de alma de menina sonhadora, passou a viver o que ainda vive, e viverá muito, a arte na sua plena essência de Ser. 

FONTE:  REDE TV - COLUNA DIEGO MAX

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